SOCIOLOGIA 2 ANO 3 BIMESTRE 2019



Democracia, uma lição que precisamos aprender

A democracia representativa é fruto de uma concepção liberal que sempre teve como objetivo manter o poder político nas mãos das elites e pouco acessível à maioria da população. Como ideário, ela não fracassou, visto que se espalhou como modelo hegemônico e tem sido utilizada comumente para justificar as campanhas belicistas do imperialismo no período recente. Por outro lado, sua insuficiência é flagrante e muitas têm sido as iniciativas de introduzir elementos de democracia direta, deliberativa e participativa nos países que conseguem projetar programas alternativos ao liberalismo em seus governos.
A questão fundamental é que ao mesmo tempo em que o mundo vive a difusão do modelo liberal de democracia representativa, apresentada pela globalização hegemônica como a melhor forma de organização das sociedades humanas, as pessoas se veem cada vez mais afastadas da possibilidade de opinar e influir em decisões que atingem diretamente suas vidas. O vácuo, ou o déficit democrático criado entre o que se discute e aprova nos encontros multilaterais ou globais, por exemplo, e o entendimento e a opinião dos cidadãos nacionais sobre tais decisões, gerou um espaço político a ser preenchido. Esta foi uma condição essencial para o surgimento de encontros como o Fórum Social Mundial.
Os movimentos sociais (grupos, associações e organizações não governamentais que se articulam coletivamente em torno de uma luta específica) ajudam a demonstrar os pontos falhos da democracia representativa de modelo elitista que cirscunscreve a participação política ao processo de votação eleitoral. No período que separa uma eleição da outra, a maioria da população fica privada de interferir no andamento das políticas públicas e é exatamente através dos movimentos sociais que as demandas vão surgir e se expressar para o conjunto da sociedade.
Movimentos sociais fortes são fundamentais para que as decisões políticas sejam mais democráticas e tenham consonância com as demandas sociais. A cultura do associativismo e da solidariedade social presente nos movimentos é fundamental para pressionar a ampliação do espaço público nas democracias liberais que tendem à privatização do Estado e do escopo de atuação civil. No Brasil, os movimentos sociais tiveram, no período recente, um papel importantíssimo no estabelecimento de novas relações entre o Estado e a sociedade no que tange, por exemplo, às relações de gênero, etnia, uso do espaço público e vários outros aspectos que democratizam esta relação.
O Estado precisa estar aberto à participação cidadã, as escolas devem estar preparadas para formar as crianças e os jovens em uma cultura participativa e a sociedade deve praticar esta cultura de forma ativa. As pessoas participam se percebem que há sentido nesta participação, que sua ação interfere na dinâmica social, e este é um bom termômetro do grau de democracia das sociedades.
A sociedade brasileira tem uma história muito rica de organização e luta. Desde as lutas abolicionistas às recentes mobilizações para a democratização da mídia. O Brasil é referência mundial em organização pela reforma agrária, pelos direitos das mulheres, pelo fim da discriminação racial, pelos direitos da juventude e dos estudantes, pelo direito à moradia, pela ampla justiça social. No período recente, nosso país também se tornou referência pela implementação de alguns mecanismos de democracia participativa e deliberativa, como os orçamentos participativos, o funcionamento de conselhos setoriais e a realização de conferência temáticas.
Mas a participação social é pequena, falta envolvimento mais massivo, mas a questão é que as formas de participação social também mudaram. As maiores mobilizações antiglobalização neoliberal foram organizadas por internet e mensagens de celular. Isso demonstra uma mudança no padrão de participação e envolvimento em campanhas, especialmente dos jovens. As pessoas só participam daquilo que faz algum sentido para elas. É por isso que os setores que mais mobilizam são os que apresentam maior déficit de resposta do poder público. Ao mesmo tempo, as pessoas têm sido estimuladas a práticas cada vez mais individualizadas. As ações coletivas são tachadas como perda de tempo e energia, a concepção liberal que ainda viceja na nossa sociedade prega as conquistas pelo esforço individual e, invariavelmente, com prejuízo da conquista do outro. As conquistas coletivas são vistas como práticas ultrapassadas e antiquadas. O mérito está em vencer sozinho e de preferência desqualificando os demais.
O ambiente escolar é o ideal para iniciar os jovens nas discussões sobre os procedimentos de tomada de decisão de forma democrática em todos os âmbitos da vida, não somente no político. A democracia não deve ser ensinada apenas em disciplinas específicas como a Sociologia ou a História, mas vivenciada na escola, seja no processo de escolha do diretor ou do uso da quadra esportiva, de modo que os jovens possam projetar estas experiências para os outros campos da vida, fora da escola.  (Parte da entrevista de Ana Maria Prestes Rabelo, para a Revista Mundo Jovem, julho/2010)



Atividade 01 - Fazer a Síntese do texto

Atividade 02 - Responder as questões:

1) Qual o papel e a importância dos movimentos sociais para a democracia?
2) Onde começa e como deve acontecer o estímulo e a formação para a participação cidadã?
3) Por que a participação social é tão pequena? Por que falta envolvimento mais massivo?

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