FILOSOFIA 2 ANOS TERCEIRO BIMESTRE 2019
Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos?
Certamente, respondeu o Sr. K. Se
os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes
pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam
para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adaptariam todas as medidas
sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana,
ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do
tempo.
Para que os peixinhos não
ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois
os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria
também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar
alegremente em direção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por
exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo
mar.
O mais importante seria,
naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que
nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica
contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem
que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só
estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos
deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e
denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências.
Se os tubarões fossem homens,
naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos
estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes
ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros
tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em
línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho
que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua,
seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de
herói.
Se os tubarões fossem homens
também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros,
representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como
jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam
valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E
a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como
orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes,
precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões.
Também não faltaria uma religião,
se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos
começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões.
Se os tubarões fossem homens
também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns
deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles
ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para
os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer.
E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre
os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de
gaiolas, etc.
Em suma, se os tubarões fossem
homens haveria uma civilização no mar.
Atividade 01 - Fazer a Síntese do texto
Atividade 02 - Responder as questões:
1) Quais são as comparações que o autor faz entre tubarões e
os homens?
2) Quem são os tubarões, na sua interpretação da história? Justifique.
3) Quais são as relações entre civilização no mar e o tipo
de organização social que temos nos dias atuais?
4) Pensando na política quem seria os tubarões e os
peixinhos de hoje na sociedade?
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